• Várias universidades decidem não mais contribuir com empresas que organizam rankings acadêmicos

  • May 6 2024
  • Length: 6 mins
  • Podcast

Várias universidades decidem não mais contribuir com empresas que organizam rankings acadêmicos

  • Summary

  • Você provavelmente recebeu mensagem há algumas semanas informando que a Universidade de Zurique decidiu se retirar e não mais contribuir com empresas que organizam rankings acadêmicos. Talvez você não tenha sido informado que outras universidades do mundo vêm também seguindo esse caminho, como Faculdades de Direito e Medicina nos Estados Unidos. As razões alegadas são muitas, como o uso de métricas obscuras e de pouco significado acadêmico. Contudo, todas parecem concordar com o fato de que os rankings deformam a atividade acadêmica, uma vez que as instituições passam a trabalhar para subir no ranking ao invés de servir aos interesses dos estudantes e comunidades em que estão inseridas.

    Os rankings acadêmicos existem desde sempre, mas nesse formato em que vemos hoje trata-se de um fenômeno relativamente recente, que vem se consolidando no século XXI. Acredita-se que os rankings foram criados e consolidados principalmente para atrair estudantes asiáticos, em especial os estudantes chineses, para as universidades ocidentais, a partir do momento que se observou uma queda contínua do número de estudantes de graduação e pós-graduação na Europa, Canadá e Estados Unidos. Nesse sentido, a participação de instituições brasileiras nesses rankings é ainda menos compreensível, pois o número de estudantes asiáticos nas instituições brasileiras é pífio. Rapidamente as empresas que organizam e divulgam esses rankings se tornaram empresas de consultoria que vendem estratégias para que instituições subam nos rankings que elas mesmas organizam. Além de absurdo, há aparentemente aqui um grave desvio ético. Esse movimento foi aos poucos sendo também transportado para o mundo dos pesquisadores, com preparação de rankings acadêmicos que comparam um médico tailandês com um historiador brasileiro, como se isso fosse possível.

    De minha parte, não contribuo com quaisquer desses rankings e ignoro as mensagens que solicitam que eu verifique meus dados em bancos de dados e responda questionários de reputação. No dia em que CAPES e CNPq organizarem uma base nacional da ciência brasileira, terão meu apoio. Aliás, meus dados estão disponíveis no Lattes. Quanto às empresas que organizam rankings de instituições acadêmicas e de pesquisadores, que sigam fazendo seu trabalho duvidoso, mas seu o meu input. Ressalte-se, e sem o input de número cada vez maior de instituições acadêmicas no mundo. Como essas, na minha opinião as instituições brasileiras deveriam simplesmente ignorar o trabalho dessas empresas de consultoria. E se acreditarem que esse trabalho é importante (eu não acho), que organizem um ranking que avalie a importância do trabalho para a sociedade brasileira.

    https://www.swissinfo.ch/eng/education/university-of-zurich-quits-international-university-ranking/73693006

    https://sciencebusiness.net/news/universities/utrecht-university-withdraws-global-ranking-debate-quantitative-metrics-grows

    https://www.universityworldnews.com/post.php?story=20240202121114196

    https://www.socialmobilityindex.org/withdrawal_rankings.html

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